É do conhecimento de todos que a palavra constitui um
poderoso meio de ajudar os outros e a si mesmo. No entanto, quando desajustada,
transtornada ou inconsequente, ela cria inúmeros problemas em todos os campos
que se deseje atuar.
O próprio desenrolar dos acontecimentos no mundo nos
mostra isso: há passagens, no curso da vida em que a fala é um instrumento
valioso concedido por Deus para o exercício da paz.
Já em outras circunstâncias, ela se transforma facilmente
numa arma perigosa no incentivo à guerra, ou então, na condenação à morte de
inocentes no cumprimento de suas missões.
Como exemplos, podemos citar quatro fatos históricos dos
mais conhecidos e que mostram as trágicas consequências causadas pelo mau uso
da palavra. Foram, exatamente, as palavras inflamadas e discursos acusatórios e
difamantes que redundaram na crucificação de Jesus Cristo; no envenenamento de Sócrates com cicuta; na morte de Joanna D’Arc na fogueira; na morte do diácono São Lourenço do Escorial, deitado numa grelha de ferro colocada
sobre brasas.
Diante de tantos acontecimentos dolorosos provenientes do
mau uso da palavra, Cenyra Pinto, em seu livro intitulado “Vem”, nos alerta que
o eco que responde à nossa voz, repercute no espaço produzindo efeito de acordo
com a intensidade de sua vibração, seja ela boa ou má, daquilo que falamos.
Segundo as leis naturais, seremos responsáveis por esse
efeito, hoje mesmo, amanhã, ou então, num futuro mais distante.
O que é certo é que, cedo ou tarde, colheremos o fruto
doce ou amargo dessas sementes que lançamos no espaço através de nossas
palavras.
Com esses esclarecimentos, vimos à responsabilidade
daquilo que falamos.
No livro “Palavra Viva”, da coleção “Autoprogramação Mental”,
consta o seguinte comentário feito por Adolfo Gilioli: "Sem a palavra, o homem
seria um animal como os outros. No início dos tempos, o homem se comunicava por
meio de expressões faciais, corporais, e sons guturais".
Mas, no decurso do tempo, ele desenvolveu seu senso de
comunicação; para tanto, começou a dar nome às coisas, dando origem a esse
sistema de sons convencionais utilizados na linguagem, sempre correspondendo a
algum objeto, fato ou ocorrência. Assim nasceu o código de comunicação do ser humano:
a palavra.
Com a palavra, o homem aprimorou o relacionamento com o
seu semelhante. Hoje por intermédio dela, ele conversa, canta, compõe, comanda,
discursa, implora, reza e conquista a imortalidade.
O simples falar tanto revela o estado de espírito das
pessoas, como também sua cultura, vivência, fraqueza ou força.
Conclui, então, Adolfo Gilioli, dizendo que devemos
sempre ter em mente que a palavra é o símbolo mais puro da manifestação do ser
que pensa e se expressa.
Portanto, saber falar e saber calar é ser sábio.
Hsing Yün, respeitável mestre budista chinês
da atualidade, declara em seu livro “Cultivando o Bem” que nunca é demais
salientar a importância da fala, uma vez que ela é o mais poderoso meio de
interação entre as pessoas.
As palavras que escolhemos o tom da voz que utilizamos e
até o próprio assunto, podem ter a mais profunda influência sobre as outras
pessoas.
Por isso, as palavras exageradas e irrefletidas
geralmente resultam em mal-entendidos, em suspeitas e até em raiva. Assim como
as palavras ásperas e iradas são como fogo em superfície inflamável. Tudo pode
acontecer. No mínimo, elas ferem os sentimentos de alguém ou, no pior dos
casos, podem produzir violência.
Portanto, se desejamos viver em paz com a nossa consciência,
é um imperativo ter cuidado com aquilo que falamos, já que é extremamente fácil
dizer a coisa errada.
Para o nosso próprio bem, diz Hsing Yün, é que devemos
evitar as quatro transgressões da boca: a mentira, o fingimento, as palavras
ásperas e as palavras vãs, porque nenhum benefício jamais advirá delas.
Salienta que as pessoas criam a maior parte de seu carma
negativo por meio das palavras.
Já, ao contrário, da fala benigna sucedem vários tipos de
méritos, como: a voz calorosa, a fala fluente, a capacidade de raciocinar, a
fala exata, direta e respeitosa.
Hsing Yün,finaliza a sua explanação com a seguinte
mensagem: “As palavras benignas são como uma árvore em flor: é só uma questão
de tempo para que lindos e doces frutos amadureçam.”
Seguindo o raciocínio do mestre chinês, não podemos
deixar de nos transportar a dois mil anos atrás, quando na Palestina Jesus
fazia as suas pregações.
Em certa ocasião, advertiu Jesus, ao povo que o ouvia, do
perigo causado por aquilo que se fala irrefletidamente ou maldosamente,
declarando o seguinte: “Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro,
mas o que sai da boca é que o macula”.
Com esta curta sentença, Jesus nos alertou da grande
necessidade de resguardarmos a nossa palavra, já que ela poderá semear a
estrada de nossa vida com mil e um arrependimentos.
No século XI a.C., Salomão, rei dos israelitas, com
apenas dezesseis palavras nos deixou, em sua ampla obra literária, este belo e
otimista pensamento: “As palavras bondosas são como o mel, doce para o paladar
e boa para a saúde”.
Quanto à arte de saber ouvir, nos orienta o Dr. Vitor
Ronaldo Costa, em seu livro “Gerenciando as Emoções”, dizendo o seguinte:
Uma das deficiências mais difundidas e maléficas do
comportamento humano, devido às suas consequências imprevisíveis, é a
facilidade em se desrespeitar a opinião alheia.
O saber ouvir, com educação e interesse, não é tão fácil
como se imagina e constitui terrível dificuldade para a maioria.
Alguns cultivam uma tendência de interromper com frequência
a fala do interlocutor, rompendo, dessa forma, o curso de seu pensamento.
Na verdade, afirma Dr. Vitor, poucos sabem escutar e,
menos ainda, admitir, sem contestação, as posições particulares de cada um em
matéria religiosa, política ou outros assuntos de foro íntimo.
No entanto, respeitar a opinião alheia, sem se deixar
contaminar pela empolgação de debate infrutífero, é sinal de progresso na luta
pelo controle das atitudes infelizes.
Diante do que foi exposto, devemos nos conscientizar que
saber falar é uma dádiva divina, como também saber calar é, muitas vezes,
sabedoria dos grandes e equilíbrio dos fortes.
Para finalizar, observemos, por analogia, a profundidade
deste intitulado:
“O Poder da Palavra”
Entre as armas de destruição que o homem foi capaz de
inventar, a mais sorrateira, vil e covarde é a palavra.
Punhais e armas de fogo deixam vestígios de sangue.
Bombas arrasam edifícios e ruas.
Venenos terminam sendo detectados.
.
Mas a palavra destruidora consegue despertar o mal e até
destruir as pessoas, sem deixar pistas.
Procure ver se você está utilizando essa arma.
Procure ver se estão utilizando essa arma contra você.
Não permitindo, nem uma coisa e nem outra.
Y.M.B.C.
Y.M.B.C.